quinta-feira, 17 de maio de 2012

Para Romário, alguns estádios da Copa serão "elefantes brancos"


Para Romário, alguns estádios da Copa serão "elefantes brancos"

Para Romário, alguns estádios da Copa serão "elefantes brancos"André Abrahão
Único parlamentar a visitar as obras das 12 cidades-sedes da Copa do Mundo de 2014, o deputado federal Romário (PSB-RJ) ainda desconfia do legado prometido pelos organizadores do Mundial de Futebol no Brasil, tanto nos estádios quanto, principalmente, na infraestrutura dos aeroportos e nos projetos de mobilidade urbana. "Em minha opinião, alguns desses estádios serão transformados em elefantes brancos", afirmou durante a abertura do Seminário Brasil Pós-Copa 2014: Legado e Gestão dos Estádios, nesta quarta-feira (16), na Câmara dos Deputados.

Preocupado com o alto investimento efetuado pelo governo federal no evento e com o uso dos estádios de futebol após a Copa, o deputado carioca propôs a realização do evento em conjunto com o presidente da Comissão de Turismo e Desporto, José Rocha (PR-BA). Os dois parlamentares concordam que os estados sem tradição no futebol, como Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Amazonas e o Distrito Federal, são os mais preocupantes. “O seminário também servirá para eu poder entender alguns pontos da Copa que ainda não entendi”, reforçou o Baixinho.

Para o vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no Centro-Oeste, Weber Magalhães, no entanto, a Copa será a melhor oportunidade para “remodelar” o futebol nesses locais. Além de políticos, participaram do debate representantes do governo, da CBF, do Comitê Organizador Local da Fifa (COL), alguns dirigentes de federações estaduais e gestores de estádios que serão utilizados na competição.

Segundo o secretário-executivo do Ministério dos Esportes, Luís Fernandes, os estádios, portos e aeroportos, poderão alavancar o desenvolvimento do Brasil no período após o evento. Ele disse que a colaboração entre os poderes Executivo, Judiciário, Legislativo e órgãos de controle poderá garantir que o legado da Copa seja efetivo para o Brasil. Fernandes esclareceu ainda que não há qualquer tipo de intervenção do Governo Federal no COL. “Há apenas parceria e trabalho conjunto”, destacou.

O diretor-executivo de operações do COL, Ricardo Trade, afirmou que outros eventos, como shows, poderão ser realizados nos estádios das 12 cidades-sede após a Copa. Segundo o dirigente, o conceito que está sendo usado pela Fifa é de que o estádio seja uma “arena multiuso”. “Com esses novos estádios multifuncionais, mais eventos – e não apenas jogos – poderão ser levados para as cidades, gerando mais receita para o próprio futebol”, destacou.

O deputado Deley (PSC-RJ) sugeriu ainda o uso das arenas após a Copa para o atendimento social, como atividades esportivas para a comunidade. Romário aproveitou e disse que se o estádio é construído com dinheiro público para a prática do futebol, “tem que ser usado para o futebol”.

Mobilidade urbana

Deley destacou, ainda, como o maior desafio para a organização do Mundial as obras de mobilidade urbana que, segundo ele, é o legado mais importante para os brasileiros. O vice-presidente da Federação Baiana de Futebol, Manfredo Lessa, lembrou que o acesso dos torcedores aos estádios não foi levado em conta no planejamento. “De que adianta termos um estádio moderníssimo se temos dificuldade em chegar até ele?”, questionou.

O cartola lamentou que sobraram investimentos para os estádios, mas faltaram recursos para o metrô de Salvador, por exemplo. “Depois de 15 anos, só agora o governo baiano divulgou que poderá inaugurar uma perna do metrô em 2014.” Segundo o diretor de operações do COL, Ricardo Trade, o assunto mobilidade urbana diz respeito apenas aos governos federal e estaduais.

O deputado federal socialista Jonas Donizette (SP) citou os números mencionados por Ricardo Trade que apontam a geração de 23 mil empregos até agora e afirmou que o maior legado da Copa é a movimentação da economia do País. “Estão abordando apenas os problemas relacionados à Copa. Os pontos positivos também devem ser discutidos para o povo brasileiro perceber a importância do evento. É preciso ser mais propositivo”, concluiu.

Acessibilidade

Foi com surpresa que o deputado Romário ouviu do representante do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014, Andrés Sanchez, que os estádios da Copa não “oferecerão a qualidade que foi dita aqui hoje”. “As pessoas com deficiência não terão acesso a todos os lugares no estádio”, emendou. Sanchez contradisse o colega Ricardo Trade que afirmara, no período da manhã, justamente o contrário. Em entrevista logo após o painel que presidiu na tarde de hoje, Romário prometeu ir a fundo nessa questão. “É uma das minhas principais causas que defendo no meu mandato. Vou procurar respostas e cobrar soluções.”

Fonte: Liderança do PSB na Câmara

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