Para Romário, alguns estádios da Copa serão "elefantes brancos"
Único parlamentar a visitar as obras das 12 cidades-sedes da Copa do Mundo de 2014, o deputado federal Romário (PSB-RJ) ainda desconfia do legado prometido pelos organizadores do Mundial de Futebol no Brasil, tanto nos estádios quanto, principalmente, na infraestrutura dos aeroportos e nos projetos de mobilidade urbana. "Em minha opinião, alguns desses estádios serão transformados em elefantes brancos", afirmou durante a abertura do Seminário Brasil Pós-Copa 2014: Legado e Gestão dos Estádios, nesta quarta-feira (16), na Câmara dos Deputados.
Preocupado com o alto investimento efetuado pelo governo federal no evento e com o uso dos estádios de futebol após a Copa, o deputado carioca propôs a realização do evento em conjunto com o presidente da Comissão de Turismo e Desporto, José Rocha (PR-BA). Os dois parlamentares concordam que os estados sem tradição no futebol, como Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Amazonas e o Distrito Federal, são os mais preocupantes. “O seminário também servirá para eu poder entender alguns pontos da Copa que ainda não entendi”, reforçou o Baixinho.
Para o vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no Centro-Oeste, Weber Magalhães, no entanto, a Copa será a melhor oportunidade para “remodelar” o futebol nesses locais. Além de políticos, participaram do debate representantes do governo, da CBF, do Comitê Organizador Local da Fifa (COL), alguns dirigentes de federações estaduais e gestores de estádios que serão utilizados na competição.
Segundo o secretário-executivo do Ministério dos Esportes, Luís Fernandes, os estádios, portos e aeroportos, poderão alavancar o desenvolvimento do Brasil no período após o evento. Ele disse que a colaboração entre os poderes Executivo, Judiciário, Legislativo e órgãos de controle poderá garantir que o legado da Copa seja efetivo para o Brasil. Fernandes esclareceu ainda que não há qualquer tipo de intervenção do Governo Federal no COL. “Há apenas parceria e trabalho conjunto”, destacou.
O diretor-executivo de operações do COL, Ricardo Trade, afirmou que outros eventos, como shows, poderão ser realizados nos estádios das 12 cidades-sede após a Copa. Segundo o dirigente, o conceito que está sendo usado pela Fifa é de que o estádio seja uma “arena multiuso”. “Com esses novos estádios multifuncionais, mais eventos – e não apenas jogos – poderão ser levados para as cidades, gerando mais receita para o próprio futebol”, destacou.
O deputado Deley (PSC-RJ) sugeriu ainda o uso das arenas após a Copa para o atendimento social, como atividades esportivas para a comunidade. Romário aproveitou e disse que se o estádio é construído com dinheiro público para a prática do futebol, “tem que ser usado para o futebol”.
Mobilidade urbana
Deley destacou, ainda, como o maior desafio para a organização do Mundial as obras de mobilidade urbana que, segundo ele, é o legado mais importante para os brasileiros. O vice-presidente da Federação Baiana de Futebol, Manfredo Lessa, lembrou que o acesso dos torcedores aos estádios não foi levado em conta no planejamento. “De que adianta termos um estádio moderníssimo se temos dificuldade em chegar até ele?”, questionou.
O cartola lamentou que sobraram investimentos para os estádios, mas faltaram recursos para o metrô de Salvador, por exemplo. “Depois de 15 anos, só agora o governo baiano divulgou que poderá inaugurar uma perna do metrô em 2014.” Segundo o diretor de operações do COL, Ricardo Trade, o assunto mobilidade urbana diz respeito apenas aos governos federal e estaduais.
O deputado federal socialista Jonas Donizette (SP) citou os números mencionados por Ricardo Trade que apontam a geração de 23 mil empregos até agora e afirmou que o maior legado da Copa é a movimentação da economia do País. “Estão abordando apenas os problemas relacionados à Copa. Os pontos positivos também devem ser discutidos para o povo brasileiro perceber a importância do evento. É preciso ser mais propositivo”, concluiu.
Acessibilidade
Foi com surpresa que o deputado Romário ouviu do representante do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014, Andrés Sanchez, que os estádios da Copa não “oferecerão a qualidade que foi dita aqui hoje”. “As pessoas com deficiência não terão acesso a todos os lugares no estádio”, emendou. Sanchez contradisse o colega Ricardo Trade que afirmara, no período da manhã, justamente o contrário. Em entrevista logo após o painel que presidiu na tarde de hoje, Romário prometeu ir a fundo nessa questão. “É uma das minhas principais causas que defendo no meu mandato. Vou procurar respostas e cobrar soluções.”
Fonte: Liderança do PSB na Câmara
Nenhum comentário:
Postar um comentário